por Beatriz Resende Alves Dom 15 Nov - 23:08
"O EPICURISMO E O ESTOICISMO E SUA RELAÇÃO COM O SER.
O epicurismo é uma escola filosófica fundada por Epicuro (341 - 271 a.C.), sendo que defendia a busca do prazer moderado como de forma de se atingir um estado de tranquilidade (ataraxia) e de libertação do medo, assim como a ausência de sofrimento (aponia) – sofrimento este tanto corporal quanto psicológico –; sendo que é através do conhecimento do funcionamento do mundo e da limitação dos desejos que se constitui a felicidade na sua forma mais elevada. Assim sendo, observa-se que, segundo o epicurismo, para que se possa obter a felicidade é necessário que se viva com prazer, de forma tal que a premissa do ser humano deve ser obter o prazer sempre que possível; sendo que tal prazer deve ser sempre – ou quase sempre –, os prazeres duradouros; e, para se obter tais prazeres e a felicidade que deles advém deve-se dominar os ditos prazeres exagerados das paixões, como, e.g., os medos, os apegos, a cobiça, e a inveja. Com tal domínio, obtém-se a tão almejada ataraxia, que é o sublime estado de ausência de dor, da quietude, serenidade e imperturbabilidade da alma, sendo que a felicidade se dá ao passo que não se tem dor, que é a expressão última do prazer, sendo que felicidade é sentir prazer, e prazer duradouro, que permeia a essência humana, e transmuta o homem de seu interior para o exterior – e não os prazeres efêmeros que se dão do exterior tentando alcançar o interior, onde chegam apenas como uma brisa que não causa alento, mas que desperta maior dor e sofrimento –. Deve-se, também, para se obter a felicidade e o prazer, proceder ao exercício de outras virtudes humanas como a coragem, a generosidade, a cortesia, e, sobretudo, a justiça.
Em outra vertente tem-se o estoicismo proposto por Zenão de Cício (335 - 264 a.C), sendo que para esta escola, a felicidade advém da aceitação, ou seja, do amor ao destino. Para os estoicistas, a existência era composta da matéria, que seria o princípio passivo, e do logos, o princípio ativo, racional e inteligente; sendo que este último permeia, anima, conecta e coordena todas as partes, sendo chamado de ‘Providência’, podendo ser considerado como um arquétipo da divindade. O logos é imanente, permeando a matéria e com ela se confundindo, não tendo um caráter transcendental, mas sendo integrante íntimo e indissociável da matéria.
Nesta visão, tudo que existe e acontece tem uma razão de ser, sendo que integra a ‘inteligência divina’, sendo necessário e justificável, estando, todos e quaisquer eventos organicamente predeterminados – destino –; de tal forma que tudo o que ocorre é bom, por atender a um propósito maior que contribui para a ordem do todo, e que mantém os desígnios cósmicos de todos os seres, sendo que o bem sempre é alcançado com o que ocorre. Deste modo, o estoicismo apregoa que a felicidade reside em aceitar todos os fatos, não lhe opondo resistência ou menosprezo, uma vez que eles são naturalmente bons – ainda que individualmente este bem não se constate – pois já estão determinados, e visam o bem da universalidade (cosmo). Tendo por parâmetro este horizonte, nota-se que segundo o estoicismo ‘felicidade’ não pode ser compreendida como a satisfação dos desejos e vontades, uma vez que bastaria que um desejo ou vontade não fosse satisfeito para que se tivesse a infelicidade."
fonte: http://ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13702&revista_caderno=15
Beatriz Resende Alves, nº03, 3ºK